Resumo
Examinar a possibilidade de construção de uma torre feita a partir de bambu, para colocar roteadores que costumamos usar nas instalações da coolab. Já existem empresas de telecom que fazem essas torres[^1] por isso decidimos estudar a possibilidade para nosso contexto.
Introdução
Normalmente quando estamos em uma comunidade para instalar equipamentos para redes comunitárias, sejam elas de internet ou de GSM/LTE muitos casos temos a necessidade de acessar um local mais altos do que as construções e obstáculos, pois os equipamentos normalmente precisam de visada para que o sinal se propague melhor.
Normalmente os provedores ou empresas que trabalham com isso utilizam as torres treliçadas ou autoportantes[^2]
Porem quando falamos de redes comunitárias estamos falando de redes em que muitas vezes o acesso é difícil e o custo de trasporte desse tipo de torre fica absurdamente complicado, assim foi dado inicio a essa pesquisa, com o objetivo de utilizar o bambu como matéria prima para a construção de uma torre.
O Bambu é um material praticamente gratuito pois é fácil encontrar na natureza e as redes comunitárias normalmente estão sediadas em localidades rurais e é muito comum encontrar esse material.
Além de acessível, como mostrado em um estudo sobre torres de telecomunicação feitas de bambu em Bangladesh[^3], o bambu é um material excelente para ser utilizado na construção. O bambu tem uma boa resistência quanto à compressão, torção, flexão e, principalmente quanto à tração devido a sua forma tubular e suas fibras se distribuírem longitudinalmente, formando feixes de micro tubos. Podendo até serem utilizados em turbinas eólicas[^4]. O modulo de elasticidade e a tensão ou modulo de ruptura depende do comprimento das fibras, que por serem todas no mesmo sentido, confere ao bambu sua grande resistência.
Alguns estudos mostram que o bambu pode superar a resistência do concreto tendo uma densidade 3 vezes menor[^5].
Muito se fala sobre a influência da Lua no tempo da colheita do bambu e a sua posterior conservação. Mas muitos estudos mostram que se existe uma influência ele é insignificante[^6]. Mas esse tema é muito sensível e as pessoas que vivem nas zonas rurais acreditam muito nisso, quase que religiosamente, então é melhor seguir a lua e continuar com um bom convívio.
Algumas espécies de bambu mais difundidas no Brasil são Bambusa tuldoides Munro (bambu comum), B. vulgaris Schrad (bambu verde), B. vulgaris Schrad var. vittata (bambu imperial, amarelo), Dendrocalamus giganteus Munro (bambu gigante, balde) e algumas espécies do gênero Phylllostachys sp (cana-da-Índia).
O bambu pode apresentar a ramificação do rizoma de dois tipos:
Grupo Paquimorfo, simpodial ou entouceirante, que se desenvolve principalmente nas zonas tropicais, compreendendo entre outros, os gêneros Bambusa, Dendrocalamus e Guadua;
Grupo Leptomorfo, monopodial ou alastrante, que se desenvolve principalmente em zonas temperadas, compreendendo, entre outros, os gêneros Arundinaria e Phyllostachys.
Pelas características de seu colmo o bambu é considerado uma planta lenhosa, monocotiledônea, pertencente às Angiospermas, da família Graminae, tribo Bambusae,constituído basicamente por colmo, rizoma e um sistema radicular fasciculado.
Objetivos
O objetivo dessa pesquisa vai ser entender as melhores e mais simples maneiras de trabalhar com o bambu focado na criação de protótipos de torre para suporte e alinhamento de antenas e roteadores usados em redes comunitárias.
Parcerias
Essa pesquisa conta com a parceria do Pedro Aquino integrante do projeto Parque de Bambu
Materiais e Método
A fim de utilizar o bambo temos que fazer um devido tratamento a ele, como contem muito amido e água é uma alimentação muito atraente aos insetos como caruncho, assim necessitamos fazer um tratamento. Pode se usar uma infinidade de produtos para tratar, como arsênico, mas devemos ter cuidado pois produtos a base de arsênico são prejudiciais a saude e ao meio ambiente. Assim o mais indicado são produtos de boro[^7]
Podemos estudar o melhor tratamento, mas que parece mais promissor é o Boucherie Modificado[^8]
Deve ser levado em consideração que o bambu tem baixo cisalhamento, o que deve ser considerado no desenho das juntas[^9]
Inicialmente o planejamento nos leva utilizar o bambu gigante (Dendrocalamus giganteus)[^10]
Resultados Parciais
Depois de muita pesquisa foi encontrada uma touceira de bambu em um local viável para a colheita. Os varas foram selecionadas pela idade média, em torno de 5 anos.
Foi utilizada uma motosserra para o corte dos bambus, sendo esses cortados na parte mais baixa antes de cada nó, para que não juntasse água e prejudicasse a touceira.
Para o tratamento foi utilizado o método Boucherie modificado, para isso criamos uma estrutura para pressurizar a solução preservativa.
Próximos Passos
- Criar uma estrutura de pressurização estável e com controle de pressão
- Definir a estrutura da torre considerando um desenho modular e estável
- Montar a estrutura da torre
Referencias
[^1]: https://www.youtube.com/watch?v=_hXAsmK8zRw – Video institucional da empresa e.co sobre torres de telecom.
[^2]: https://pt.wikipedia.org/wiki/Torres_e_antenas_de_r%C3%A1dio – Torres de telecomunicação, definições e conceitos.
[^3]: https://www.coolab.org/wp-content/uploads/2020/06/10.1061@ASCESC.1943-5576.0000492.pdf – Viabilidade Econômica Estrutural e do Ciclo de Vida da Torre de Telecomunicações Bamboo Low-Height em Bangladesh.
[^4]: https://www.coolab.org/wp-content/uploads/2020/06/3-vol-28-oct-2015.pdf – Torres de treliça de bambu de baixo custo para pequenas turbinas eólicas
[^5]: http://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/270/TCC%20-%20BCT/2012-2/CAMILA%20LIMA%20MAIA.pdf – Uso do Bambu como Material de Construção.
nservação do bambu e a lua.
[^6]: https://www.coolab.org/wp-content/uploads/2020/06/15.pdf – A conservação do Bambu e a Lua
[^7]: https://www.humanitarianlibrary.org/sites/default/files/2014/02/INBAR_technical_report_no20.pdf – Designing and Building with Bamboo, Jules J.A. Janssen.
[^8]: http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/257065/1/Espelho_JeanClaudioChiozzini_M.pdf – MÉTODO DE BOUCHERIE MODIFICADO
[^9]: http://bambusc.org.br/wp-content/uploads/2009/05/arquitetura_com_bambu_rubens-cardoso-filho.pdf – Arquitetura com bambu.
[^10]: http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC921352-2584-2,00.html – Ficha técnica do Bambu gigante.