A associação Portal sem Porteira surgiu de encontros entre os moradores do bairro, por volta de dezembro de 2016 , para discutir a questão da internet. Alguns encontros foram mais como uma roda de conversa, onde alguns expunham como poderíamos ter nossa internet gerida comunitariamente caso nos organizássemos e nos aprofundássemos tecnicamente; outros dedicados a diminuir as barreiras entre as técnicas e os usuários , instalando firmwares nos roteadores enquanto brincávamos de dojo.
Por um tempo a ideia minguou, mas no fim de 2017 ela voltou com toda a força. Nos reunimos diversas vezes , e agora vejo que todas as reuniões serviram mais para clarear conceitos de como a internet funciona e porque criar um provedor comunitário. Apesar da sensação de que não caminhávamos muito, esse momento foi fundamental para clarearmos as ideias. Iniciamos alguns testes com equipamentos que compramos e chegamos á alguns avanços.
Em dezembro de 2017 e março de 2018 aconteceu no Bairro o encontro da Coolab, este encontro, ainda que não tivesse a intenção de uma ação local , deixou no ar a vontade de fazer acontecer. Depois de um tempo recebemos financiamento para Coolab e pudemos comprar mais equipamentos para finalmente instalar a tão sonhada rede.
Para formalizar os serviços que idealizamos montamos uma associação, no dia 13 de abril de 2018, buscando pessoas que tinham uma linha de pensamento organizacional mais em comum , buscando criar um base sólida de princípios. Redigimos um estatuto e nomeamos alguns membros para compor a diretoria. Achamos que era isso, mas estava só começando. Redigimos o documento que precisava ser assinado por todos os membros. Fizemos uma festa para recolher as assinaturas, onde percebemos que muitos nomes , endereços ou documentos não estavam corretos. Adaptações feitas, mais dinheiro gasto com impressões e estávamos prontos para levar os documentos para o cartório. Levamos para um contador conhecido Sr. Wilson que cuidaria dessa parte para nós, já que estávamos em outra cidade de onde os docs deveriam ser entregues ( são josé dos campos) . O documento demora dez dias úteis para ser analisado , e voltou, uma, duas….. Em um total de quatro vezes, onde foram feito reajustes e na próxima entrega encontrado novos erros não apontados anteriormente. Isso deu uma quebra na empolgação que pairava no bairro, um aprendizado sobre a burocracia dos cartórios. Finalmente no fim de setembro o documento foi aprovado e segue agora para a receita para termos o nosso CNPJ.
Mas enquanto isso não ficamos parados. Levamos uma torre que já havia sido soldada pelo Hiure e Gabriel para o auto do morro. Surgiu outro lugar para colocar a torre, e levamos ela pela própria montanha até a propriedade do Miragaia, no caminho da Pedra do Om. Essa montanha é famosa por servir de cenário para os treinos das corridas de montanhas, esporte super disseminado pelo bairro, no qual os adolescentes são campeões. A parceria foi frutífera , e rendeu muitas corridas e dores nas pernas montanha acima e abaixo. Mas apesar de tudo a corrida parecia sempre muito solitária, poucos se propunham a participar profundamente, a ponto de terem a grande idéia de oferecer pinga para o pessoal do bar ajudar na subida da torre. Foi graças a esse recrutamento bizarro que apareceu um novo técnico no grupo, finalmente alguém interessado e sem medo de adentrar em um terreno desconhecido. Instalada a torre, colocamos junto um sistema de placa solar e direcionamos o antena para uma residência em São José dos Campos. Instalamos na antena uma fita led, para que pudéssemos ter mais clareza de onde teríamos visada. Essa luz na montanha levou a diversos comentários da comunidade do bairro e o assunto da internet começou a rolar solto, todo cruzado e distorcido.
Chamamos uma reunião aberta para sanar a curiosidade e agregarmos parceiros dentro do bairro. A reunião foi na praça central e juntou mais de 30 pessoas onde recolhemos os nomes dos interessados em se associar. Depois lançamos uma segunda ação , uma oficina de como construir uma rede de internet. Essa oficina aconteceu na calçada da pizzaria do Marquinho. Todos que passavam se interessavam e davam uma olhada no que estava rolando. Pessoas que inclusive não participaram da reunião foram curiá sobre o que estava acontecendo .
Enquanto isso espalharam-se diversos roteadores pelo bairro. Para acessar a rede o usuário acessa o portal cativo , onde o portal se apresenta e ao fim ele deve colocar uma senha. Senha essa que planeja ser vendida quando tivermos o link. Por hora é possível usar o vale de grátis por 30 horas consecutivas por mês , e alguns membros participantes tem um voucher para uso por todo o mês. Usamos a internet de 3 Megas que chega em nossa residência, por hora, e agora estamos em busca de um novo link que venha de São José e estamos estudando uma nova maneira de fazê-lo
Na reunião, trazendo uma outra visão do projeto da associação no bairro. Fizemos ainda uma outra reunião para explicar um pouco mais sobre a internet comunitária , pela experiência que tínhamos tido com o primeiro grupo de formação da associação percebemos que a ideia pode parecer fácil, mas ela de fato demora muito tempo para ser assimilada. Essa reunião também tivemos por volta de 30 pessoas e também tratamos os princípios da sociocracia , assumindo essa metodologia para a condução das decisões da associação.
Agora estamos na pesquisa sobre links, provedor, universidades, ou seja , maneiras de acessar o ponto de trafego de dados. Para tal estamos separando alguns grupos de pesquisa para trazermos mais informações sobre o assunto.